E estamos de volta com mais uma temporada de ‘The Boys’!


Os três primeiros episódios do novo ciclo de uma das séries mais adoradas da atualidade finalmente chegaram ao catálogo do Prime Video – e vieram mais deliciosamente exagerados do que nunca. Seguindo os passos da temporada anterior, esta incursão é a mais política e crítica até agora, com atuações fabulosas e um roteiro que investe sem medo em uma mistura de ironia e sarcasmo que mantém o ritmo e nos cativa desde os primeiros segundos.


Como bem nos lembramos, as tensões entre os membros restantes dos Sete, liderados pelo Capitão Pátria (Antony Starr), e os Boys, ainda liderados por Bruto (Karl Urban), estão mais fortes do que nunca. Além disso, Capitão Pátria enfrenta um julgamento após assassinar um civil, enquanto Luz-Estrela (Erin Moriarty) abandonou oficialmente o grupo de heróis e voltou a ser apenas Annie January. Ela se afastou de toda a identidade construída pela Vought para fazer uma diferença considerável no mundo e impedir que a idolatria desmedida aos Sete fosse catalisador de uma provável guerra civil. 


É claro que as coisas não saem como planejado. Após tentarem impedir o sucesso da campanha política de Victoria Neuman (Claudia Doumit) e de seu apoio por parte do Capitão – por mais que ela não quisesse –, fica óbvio que a balança está pendendo para os dois lados e que os conflitos irão escalar exponencialmente.


Um dos aspectos mais interessantes da quarta temporada é a habilidade do time criativo, liderado pelo showrunner Eric Kripke, de equilibrar os macroenredos e as subtramas de maneira coesa e sem pressa, permitindo que cada narrativa tenha seu momento de destaque. Por exemplo, temos o arco de Bruto, que, com apenas alguns meses de vida restantes, está determinado a derrotar os Supers, mesmo enfraquecido e movido por um impulso vingativo incontrolável. Já o Capitão Pátria enfrenta um turbilhão de frustração, lidando com uma crise de meia-idade onde seus poderes já não são suficientes para impedir o envelhecimento inevitável, além de enfrentar a perda significativa de membros em seu time de Supers e o tumultuado relacionamento com seu filho Ryan (Cameron Crovetti), que ele tenta transformar em mais um recurso midiático para reafirmar sua dominância.


Não demora muito para que o personagem de Starr, cuja atuação impecável pode até lhe render uma merecida indicação ao Emmy por sua performance diabolicamente cativante, se una a uma super-heroína chamada Mana Sábia (Susan Heyward), a pessoa mais inteligente da Terra. Subestimada pelos outros companheiros do Capitão, ela se torna crucial para a execução do plano de reafirmação de poder. Assim, essa dupla inesperada elabora uma artimanha que coloca em risco a vida de muitos inocentes, tudo por um propósito egoísta e com potencial destrutivo incalculável.


Um dos aspectos mais interessantes do novo ciclo é como Kripke e os roteiristas exploram uma arena política quase operística, elevando o sarcasmo a um nível sublime com quebras de expectativa e reviravoltas instigantes. Em outras palavras, o complexo panorama, que poderia facilmente cair em convencionalismos melodramáticos, é suavizado com uma "leveza" distorcida e profana, criando sequências hilárias e deliberadamente exageradas – como os ensaios promovidos pela equipe de marketing da Vought para colocar Ryan no centro das atenções, e a crescente inveja do Capitão em relação ao filho, que rapidamente se destaca como o futuro dos Supers.


Cada detalhe é cuidadosamente planejado, apesar de alguns obstáculos. Diferente do ritmo acelerado e impetuoso das temporadas anteriores, esta leva mais tempo para posicionar cada peça no tabuleiro, preparando jogadas fatais e precisas – o que não é um grande problema, exceto por alguns deslizes de roteiro e diálogos datados que prejudicam a estrutura bem elaborada para os espectadores. No entanto, é quase certo que alguns fãs inveterados da série sintam um gosto agridoce devido ao afastamento do tom usual e à limitação dos riscos assumidos.


A 4ª temporada de ‘The Boys’ começa de forma excelente com três episódios muito bem-produzidos, que exploram ao máximo seu maior trunfo – o elenco. Com Starr liderando um ciclo que promete se destacar grandiosamente, a série retorna em ótima forma, deixando-nos ansiosos pelos próximos episódios. A antecipação é intensa e a abordagem, mais concreta do que fabulosa, no melhor sentido da expressão.


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